Pajelança do Maranhão no século XIX: o processo de Amélia Rosa

Pajelança do Maranhão no século XIX: o processo de Amélia Rosa – Mundicarmo Ferretti. São Luís: CMF/FAPEMA, 2004, 250p.
ISBN 85-87949-04-7

pajelanca
Pajelança do Maranhão no século XIX: o processo de Amélia Rosa, editado pela Comisão Maranhense de Folclore e pela FAPEMA é resultado de trabalho do grupo de pesquisa Religião e Cultura Popular (DCS-UEMA). Foi organizada pela profa. Dra. Mundicarmo Ferretti que, além de autora da apresentação e de dois capítulos sobre religião afro-brasileira e pajelança de negro no Maranhão, é coordenadora da pesquisa. Tem prefácio do prof. Dr. Flávio Gomes, da UFRJ, e está sendo recomendado pelos presidentes da CMF e da FAPEMA: prof. Dr. Sergio Ferretti e prof. Dr. Edson Nascimento. Pajelança do Maranhão no século XIX: o processo de Amélia Rosa tem como centro de interesse um processo-crime do final do período escravocrata (1876-1878), localizado do arquivo histórico do Tribunal de Justiça do Maranhão, e transcrito pela professora e historiadora Jacira Pavão. O processo foi movido contra Amelia Rosa – negra alforriada, cognominada “rainha da pajelança”, e nove mulheres negras do seu grupo. Na obra, a pajelança de Amélia Rosa é apresentada como manifestação religiosa de negros anterior ao aparecimento do Tambor de Mina e do Terecô, sincrética, mas autônoma em relação à igreja e organizações católicas. O caso de Amélia Rosa é analisado por Mundicarmo Ferretti levando em conta o elevado grau de preconceito contra o negro existente na época e estabelecendo uma comparação entre ele e o processo-crime movido um pouco antes contra a futura baronesa de Grajaú, acusada de assassinar dois meninos escravos, filhos de uma das mulheres que foram condenadas com Amélia Rosa. Alem de comentários e interpretações sobre o caso de Amélia Rosa, encontram-se no livro a transcrição literal do processo-crime e de outros documentos relacionados a ele, localizados no Arquivo Público do Estado do Maranhão e na Biblioteca Pública Benedito Leite. A obra que está sendo lançada destina-se não apenas a estudiosos de antropologia, sociologia, história, direito, lingüística e de outras áreas de conhecimento, mas também a militantes do movimento negro e a pessoas ligadas às religiões afro-brasileiras e ao campo das medicinas alternativas.